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Michael A. Comberiate: Diálogo com um adventista que é cientista de foguetes Kimberly Luste Maran
O que o inspirou a seguir uma carreira na Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA), e a quanto tempo você trabalha lá? A corrida espacial estava apenas começando quando eu cursava a escola elementar, e o lugar para onde eu iria quando me formasse na Universidade de Maryland, na década de 1960, era a NASA. Trabalho lá há mais de 32 anos. Você cresceu como católico. Como você soube a respeito da Igreja Adventista do Sétimo Dia? Eu era um daqueles católicos que realmente questionavam o que criam. Eu procurava entender estes mistérios: Três Pessoas num só Deus, o inferno eterno, vida após a morte e assim por diante. Jamais recebi respostas satisfatórias. Enquanto procurava, assisti a alguns programas na televisão que falavam do sábado do sétimo dia e do livro do Apocalipse. Fiquei interessado e, um dia, minha esposa deu-me um folheto da Igreja Adventista do Sétimo Dia, sobre a qual eu pouco sabia. Eles estavam oferecendo um seminário sobre o Apocalipse. Fui assisti-lo. A pessoa que proferia as palestras veio até minha casa e acabamos jogando golfe juntos. Estudamos esses assuntos por alguns anos. Fui à igreja de Spencerville, Maryland, com ele e passei a freqüentar uma classe bíblica. Não pensei que pudessem dar respostas às questões que eu tinha em minha mente mais do que qualquer outra pessoa; mas eles as responderam de modo diferente e usaram somente a Bíblia para isso. Foi uma surpresa para mim. Assim fiquei com eles até obter as respostas. Passei a freqüentar a igreja regularmente desde 1988 e fui batizado em setembro de 1994. O que realmente o convenceu a tornar-se um adventista? Os mistérios que faziam sentido para mim encaixavam-se perfeitamente na teologia adventista. Sua compreensão do estado dos mortos, a definição de inferno e o sábado do sétimo dia harmonizam-se perfeitamente com uma visão ampla e que fazia sentido; assim fui atraído para a Igreja Adventista. Você pode usar certos textos para provar aquilo que quiser. Outra pessoa pode usar os mesmos textos para provar o oposto. Alguém tem de estar errado, mas como descobri-lo? O único modo de solucionar o problema é tendo um quadro completo. A maior parte das igrejas pára perante as enormes lacunas de sua compreensão. Sua versão do enigma ainda está cheia de sérias roturas. Quando você lida com mistérios, tem espaço para interpretações. A ciência é muito semelhante: A não ser que você tenha as respostas, pode formular outra teoria. Uma vez que você não as saiba, pode dar início a outra religião. Todos podem dizer: Cremos na Bíblia, embora só compreendamos dez porcento dela. Assim, noventa por cento de nossa visão são compostos de lacunas. Mas aí as pessoas encobrem esse fato, dizendo: Espera-se que você tenha fé Isso é um insulto para uma pessoa com mente científica. Fé no quê? Em buracos? Penso que nós, adventistas, temos um quebra-cabeça mais preenchido, e deveríamos usá-lo para defender nossas interpretações da Bíblia, porque se você não conhece a verdade, certamente crerá numa mentira. O que presentemente o inspira a continuar seu trabalho? Na NASA eu tinha a possibilidade de fazer uma diferença positiva. Estamos na vanguarda da explosão tecnológica que é característica de nossa época. Isso está mudando o modo como fazemos as coisas. Conte-nos a respeito do seu livro How a Rocket Scientist Can Trust God (Como um Cientista de Foguetes Pode Crer em Deus). Geralmente as pessoas pensam num cientista de foguetes como alguém realmente lógico, um perito em matemática e nas coisas do mundo, que não está interessado em qualquer conjunto de crenças emocionais ou passionais. Um cientista de foguetes está mais envolvido com aplicações práticas e coisas que pode produzir, do que em simplesmente sentir-se bem. Como é, então, que ele acaba se tornando uma dessas pessoas devotadas a crenças religiosas? A maioria das pessoas considera a religião o ópio do povo. Você tem um sistema de crenças que o faz sentir-se bem, mas o que Deus espera é um relacionamento pessoal. Assim, como pode um cientista de foguetes confiar em Deus? Quando o sábio tem um relacionamento com Ele. Você pode aprender a falar com Ele. Não faz diferença se possui uma base matemática ou não. O importante é manter um relacionamento com Deus. Outra coisa importante é que o sistema de crença faça sentido. Um cientista de foguetes pode confiar em Deus se o seu conceito sobre Ele faz bastante sentido em vista das evidências observáveis. Se eu perguntasse a um ateu: Em que espécie de Deus você não crê?, haveria de descobrir que os ateus também crêem em Deus. Eles simplesmente não crêem num Deus pessoal. Em outras palavras, eles geralmente acreditam numa Causa Primária, que não teve princípio, mas sua questão é se a Causa Primária é pessoal. Assim, quando você me diz: Você é um cientista de foguetes e não crê em Deus, correto? Você crê em Big Bangs e coisas semelhantes, mas não crê num Deus que tem um plano para nós aqui no planeta Terra? Eu digo: Não, eu creio. Creio num Deus que pode pensar como eu, o que para mim significa que Deus é pessoal. A conversão fez com que você reconsiderasse suas aspirações profissionais? Não. Minha conversão foi um processo lento, desenvolvido com o tempo. Sempre me considerei como alguém que procura a verdade. Procuro respostas com todo o meu coração. Assim, onde eu estava naquele tempo e onde estou agora não é tão importante, visto que ainda estou procurando. Agora converso com Deus sobre tudo o que estou fazendo, ao passo que no passado eu não considerava isso importante. Agora descobri que há esse relacionamento com Deus que depende de comunicação, e eu gasto mais tempo procurando introduzir isso no que quer que esteja acontecendo. Quando estou bem, mau, feliz ou triste, converso com Deus. Você tem sido bem-sucedido em sua fé e trabalho? Para mim sucesso é viver uma vida mais plena e saber que Deus a está partilhando comigo por causa do relacionamento íntimo que temos em tudo. Espero continuar esse relacionamento para sempre. A única diferença é que no Céu não haverá nem tristeza, nem enfermidade e nem esperas em filas. Que conselho você daria aos estudantes que lutam para conciliar o conhecimento científico com sua fé adventista? Posso ver como a teologia adventista faz sentido lógico e se harmoniza tanto com a Bíblia como com os fatos observáveis. Você também pode fazer isso, se pensar logicamente a respeito. Meu conselho é que eles achem o modelo de como todos os mistérios de seu sistema de crenças se harmonizam num quadro coerente, que tem sentido em termos de evidência observável. Explico esse quadro como eu o entendo em meu website [www.nasamike.com]. Você pode partir daí e desvendar o enigma buscando respostas de todo o coração. Você deve usar o método científico para coligir os fatos, mas então precisa tomar uma decisão emocional sobre como irá responder àquilo que entende ser a verdade. Entrevista por Kimberly Luste Maran. Kimberly Luste Maran é editora-assistente da Adventist Review: www.adventistreview.org |