Diálogo Universitário English
Español
Português
Français
Um periódico internacional de fé, pensamento e ação   Home Subscreva
Versão impressa

Harry Potter: divertimento inocente ou instrumento destrutivo?

A bruxaria está avançando mundialmente. Crianças, adolescentes e adultos do mundo todo estão fascinados pelas energias misteriosas que fluem das bruxas. Um número cada vez maior de jovens e adultos está acessando sites populares de bruxaria na Internet, comprando livros de magia, unindo-se a pactos, fazendo poções e praticando magia. A Wicca Witchcraft — também chamada a Arte — parece progredir sem detença.

Nos EUA, muitos adolescentes estão assistindo à Wiccan Way, que o programa All Things Considered, da National Public Radio, levou ao ar em maio de 2004 através de uma história chamada “Adolescentes e Bruxaria”. A matéria chamava a atenção para o crescente número de adolescentes que estavam secretamente montando altares de bruxaria em seus quartos, oferecendo preces à deusa, e invocando a ajuda de espíritos.1 Fato semelhante está acontecendo no Canadá, Inglaterra, Europa, Austrália, Rússia e outros países.

Por que esse enorme interesse — especialmente entre adolescentes — na bruxaria? Um motivo é claro: tanto crianças como adultos estão expostos a uma ampla variedade de livros e filmes de magia com enredos agradáveis, que retrata a bruxaria como uma religião espiritualmente capacitadora, segura e emocionante — especialmente para as mulheres jovens. Alguns dos mais famosos programas da TV, filmes e livros de ficção são:

Sabrina, Aprendiz de Feiticeira (série de TV): retrata uma “adolescente com poderes sobrenaturais”, que aprende a “usar suas magias de modo sábio”.2

Buffy, a Caça-Vampiros (série de TV): apresenta uma adolescente loira cuja grande amiga, Willow, apelidada de “A Bruxa Willow”, tem “interesse e envolvimento crescente em bruxarias”.3

Charmed (série de TV): apresenta três atraentes irmãs feiticeiras que “usam seus poderes individuais como bruxas boas, para combater as forças do mal”.4

A série The W.I.T.C.H (novela para crianças): uma série mundialmente conhecida que retrata a vida de “cinco meninas adolescentes” que têm “superpoderes sobre os elementos”.5

A série The Daughters of the Moon, de Lynne Ewing (novela para crianças). Alguns de seus títulos: Goddess of the Night, The Sacrifice, e Possession.

A série The Sweep, de Cate Tiernan (novela para crianças). Títulos: Blood Witch, Dark Magic, e Spellbound.

Aproveitando o grande fascínio pelas produções de ficção, os editores de ocultismo estão também capitalizando os efeitos de filmes e romances através da produção massiva de manuais de iniciação a práticas reais do oculto. O investimento em publicidade gera lucro certo e as vendas estão crescendo. Alguns livros populares são:

Teen Witch: Wicca for a New Generation, de Silver Ravenwolf (1997).

The Book of Shadows: A Modern Woman’s Journey Into the Wisdom of Witchcraft and the Magic of the Goddess, de Phyllis Curott (1998).

The Wiccan Mysteries: Ancient Origins and Teachings, de Richard Grimassi (1997).

O Livro Completo de Bruxaria de Buckland, de Raymond Buckland (1986).

Wicca - Guia Essencial da Bruxa Solitária, de Scott Cunningham (1990).

A lista é infindável. Quando você leva as produções de mídia, romances cativantes e livros sobre bruxaria a um público sedento espiritualmente, o resultado é um constante progresso da magia negra. Se duvida, acesse http://www.walmart.com e verifique os livros sobre bruxaria [“Wicca”]. Você ficará chocado. Não se deixe enganar: a bruxaria Real Wicca está crescendo mundialmente.

Mas há uma série de romances e filmes que excede a todos em popularidade e controvérsia: Harry Potter. A maioria dos pais vê os livros de Potter (escritos pela britânica Joanne Kathleen Rowling) como entretenimento inofensivo, sem maiores preocupações. Certamente não vêem nenhuma conexão sutil (ou perigosa) entre Harry e a Wicca (bruxaria). Outros sim; de fato, estão seguros de que as forças espirituais ocultas se escondem nessas divertidas páginas de magia. Há uma forte polêmica em torno de Harry Potter, tanto na sociedade secular como entre os cristãos. Estão os romances de Rowling incentivando o interesse dos adolescentes em bruxaria? “Não sejam tolos!”, exclamam aqueles que apóiam Potter. “Abram os olhos!”, replicam os críticos de Potter. Quem está certo?

A pottermania

Desde seu lançamento nos EUA, em 1998, os primeiros cinco romances de Rowling (estão programados sete)— Harry Potter e a Pedra Filosofal, Harry Potter e a Câmara Secreta, Harry Potter e o Prisoneiro de Azkaban, Harry Potter e o Cálice de Fogo e Harry Potter e a Ordem da Fêni-— venderam mais de 250 milhões de exemplares em 200 países e 60 idiomas. Para aumentar o entusiasmo da pottermania, a gigante de Hollywood, Warner Brothers, Inc., comprometeu-se fazer de cada romance de Harry Potter um filme de longa-metragem. Três filmes já foram lançados e quatro estão a caminho. Conclusão: Harry está no mundo todo.

A série de Rowling é composta de romances de ficção repletos de ação com seqüências altamente imaginativas, que narra as aventuras de um menino-feiticeiro órfão chamado Harry Potter que, quando adolescente, freqüenta a Escola Hogwarts de Bruxaria e Magia para melhorar suas habilidades feiticeiras, na preparação de encontros fatais com o “maior feiticeiro das trevas de todos os tempos: Lorde Voldemort”.6 Enquanto Harry se prepara para a escola de feiticeiros, ele compra livros-texto de ocultismo, uma varinha mágica, um caldeirão (para misturar poções), um telescópio (para estudar astrologia) e outros materiais básicos de feitiçaria. Algumas matérias obrigatórias na Hogwarts são: História da Magia, Adivinhação, Feitiços, Herbologia, Poções e Transfiguração. Em cada história, Voldemort tenta matar Harry, mas o menino-feiticeiro sempre escapa valendo-se das técnicas aprendidas na Hogwarts, lançando feitiços, contando com a sorte ou ajudado pelos seus falecidos pais.

Ao final de cada ano escolar, o jovem feiticeiro retorna tristemente para sua casa a fim de passar os meses de verão com seus parentes, os Dursley, uma entediante família que representa o perfeito enfado. Os Dursley são classificados como Muggles, ou não-feiticeiros, pessoas sem “uma gota de sangue mágico em suas veias”.7 Todos os livros de Potter retratam tipicamente os Muggles como um grupo quieto e entediado (com poucas exceções), enquanto as bruxas e os feiticeiros que têm acesso a poderes sobrenaturais são “legais”.

Inofensivo ou destrutivo?

Esse é o ponto principal de Harry Potter — pelo menos aparentemente. A grande polêmica é se esses romances e filmes são um entretenimento inofensivo, ou se estão despertando o desejo de crianças e adultos de explorar a verdadeira bruxaria. Pessoalmente acredito no último argumento. Eis a razão:

Primeiro, os livros de Harry Potter estão sendo lidos por crianças ao redor do mundo, e a bruxaria está crescendo entre elas. Conquanto isso não seja uma prova de que Harry estimule o interesse em bruxarias, parece-me ingênuo não discernir nenhuma conexão entre ambos.

Segundo, embora os livros de Harry Potter estejam repletos de elementos fictícios e apatetados, eles contêm também muitas referências a pessoas reais, lugares reais e práticas reais realizadas por feiticeiros reais em toda a Terra. A própria Rowling admitiu publicamente que um terço de suas publicações está baseado no ocultismo real.8

Isso é fácil de provar. Além de mencionar lugares reais como Grã-Bretanha, Londres, estação do metrô Kings Cross, Brasil, Egito, França, Albânia, Austrália, Irlanda, Bulgária, Uganda, Escócia, Noruega, Luxemburgo e Estados Unidos,9 cita ocultistas reais como Nicolas Flamel10 e Aldabert Waffling,11 instrumentos reais de ocultismo como vara mágica, caldeirões, bola-de-cristal e folhas para chá, os livros de Harry Potter estão repletos de referências a práticas reais como lançar feitiços, numerologia, ler sorte, adivinhação, astrologia, quiromancia, amuletos, etc. Entretanto, aqui está o engodo: Rowling mescla constantemente essas referências com elementos absurdos e imaginários para criar uma aparência inocente (é assim que os livros passam furtivamente pelos radares). Contudo, um fato claro permanece: todas essas práticas são reais e realizadas por bruxas reais em toda parte. Como prova, simplesmente pesquise a seção de ocultismo de qualquer grande livraria.

Terceiro, independentemente do que os defensores de Potter alegam, a verdadeira filosofia da bruxaria está inserida em Harry Potter. Por exemplo, a dicotomia feita por Rowling de mágicos versus Muggles — humanos sem poderes mágicos — que estabelece a estrutura da série Potter, reflete o que as bruxas verdadeiras crêem. Silver Ravenwolf, autora de best-sellers sobre bruxaria, em seu conhecido livro de não-ficção Teen Witch: Wicca for a New Generation, especifica como crença fundamental da bruxaria:

“Reconhecemos uma profundeza de poder bem maior que o aparente à pessoa comum... Todos possuem essas capacidades, mas a maioria não as utiliza e alguns as temem. Bruxas e outras almas iluminadas esforçam-se para fortalecer esses dons naturais”.12

Essa doutrina-chave da bruxaria é, essencialmente, o mesmo ensino encontrado no Harry Potter. “Reconhecemos uma profundeza de poder,” escreve Ravenwolf, “bem maior que o aparente à pessoa comum”. Rowling transmite esse conceito quando seus escritos qualificam todas as pessoas comuns de Muggles. Ravenwolf afirma: “Alguns temem esses poderes”. Isso é exatamente o que um dos professores de Harry Potter, de Hogwarts, diz sobre os Muggles.13 A editora de ocultismo de Ravenwolf é a “Publicações Llewellyn”, de St. Paul, Minnesota. Curiosamente, no Harry Potter e a Ordem da Fênix, Rowling usou o nome da editora de Ravenwolf — Llewellyn — como a designação da ala de um hospital! Veja você mesmo:

“Arthur Weasley?”, diz a bruxa, deslizando seu dedo sobre uma longa lista à sua frente. “Sim, primeiro andar, segunda porta à direita, ala Llewellyn”.14

Quarto, as evidências demonstram que as crianças ficam interessadas em bruxaria verdadeira como resultado de Harry Potter. Caso relevante: a Federação Pagã é uma bem-organizada promotora inglesa de bruxaria. Logo depois de a série de Rowling ter atingido as Ilhas Britânicas, a federação começou a receber “uma enxurrada de consultas” solicitando detalhes de sua religião. Eles atribuíram isso ao “sucesso dos livros Harry Potter”.15 Uma publicação britânica, This Is London, relatou os fatos num artigo sério intitulado: “Os fãs de Potter se volvem à bruxaria”. O responsável pela comunicação da federação, Andy Norfolk, testemunha: “Em resposta às crescentes indagações dos mais novos, nomeamos um responsável pelos jovens... Isso está, provavelmente, relacionado a coisas como Harry Potter, Sabrina — Aprendiz de Feiticeira, e Buffy, a Caça-Vampiros. Cada vez que um artigo de bruxaria aparece, temos um grande aumento de chamadas, principalmente de meninas”.16

“Os fãs de Potter se volvem à bruxaria”, “o sucesso dos livros de Harry Potter”, “relacionado a coisas como Harry Potter”, “um grande aumento de chamadas, principalmente de meninas”, fornecem evidências convincentes, pelo menos àqueles dispostos a ver sua importância.

A Bíblia e a bruxaria

Vamos agora para a Palavra de Deus. Existe um diabo de verdade? Os que lidam com bruxarias não acreditam nisso. Silver Ravenwolf e outros autores de bruxaria pensam que Satanás é uma invenção enganosa da imaginação dos cristãos. Entretanto, a Bíblia diz claramente: “E foi expulso o grande dragão… que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo; sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos” (Apocalipse 12:9). Satanás não apenas existe, mas é “o sedutor de todo o mundo”.

Nas Escrituras, a feitiçaria não é algo imaginário. Moisés advertiu: “Não se achará entre ti… nem adivinhador… nem feiticeiro... nem mágico”, pois “ isso é abominação ao Senhor” (Deuteronômio 18:10-12). Paulo classifica as “feitiçarias” como “obras da carne” (Gálatas 5:19, 20), e João prediz claramente que os “feiticeiros” terão seu destino final “no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte” (Apocalipse 21:8). Isso é muito grave.

Porque Satanás existe e porque a verdadeira bruxaria e feitiçaria se originam nele, a pergunta-chave é: quão provável é que o próprio Satanás nada tenha a ver com a série mais popular já escrita, que retrata bruxaria, poções e feitiços como brincadeiras legais para as crianças? Paulo escreveu: “Não lhe ignoramos os desígnios” (II Coríntios 2:11). Não nos deixemos enganar. Ao retratar a bruxaria como algo divertido, Harry Potter insensibiliza os jovens para os perigos do ocultismo. Isso é plano do inimigo.

João escreveu: “Todas as nações foram seduzidas pela tua feitiçaria” (Apocalipse 18:23). Esse verso não-fictício alerta que a feitiçaria real procedente de um diabo real vai, de fato, enganar nações reais no final dos tempos. Não deveríamos levar a sério a advertência do Senhor? Não deveríamos fugir de toda a forma de bruxaria, inclusive da versão mais moderna do chamado entretenimento inofensivo? Não deveríamos guiar nossas crianças à verdade que se encontra nas Escrituras?

Deuteronômio 18:9 afirma que não deveríamos nem “aprender” acerca das práticas pecaminosas do ocultismo. Como saudável alternativa, Jesus diz: “Aprendei de Mim, porque Sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mateus 11:29). Ele é a alternativa para a bruxaria!

Steve Wohlberg é orador e diretor de Endtime Insights Radio and TV Ministry, e pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Templeton Hills, em Templeton, Califórnia. Seu novo livro Hour of the Witch: Harry Potter, Wicca Witchcraft, and the Bible explora amplamente esses temas e pode ser adquirido na Endtime Insights ou Adventist Book Centers. Para contatar o Pastor Wohlberg ou conhecer melhor seu trabalho, visite o site http://www.endtimeinsights.com.

REFERÊNCIAS

1. All Things Considered, da National Public Radio, relatado por Barbara Bradley Hagerty: “New Religion in America: Alternative Movements Gain Ground With Flexibility, Modernity…Part 4: Teens and Wicca.” 13 de maio de 2004. Disponível no site http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=1895496.

2. Ver http://tv.yahoo.com/tvpdb?id=1807777356&d=tvi&cf=0.

3. Ver http://www.witchcraft.org/video/buffy.htm.

4. Ver http://www.witchcraft.org/video/charmed.htm; http://www.tvtome.com/Charmed/ (website oficial).

5. Ver http://disney.go.com/witch/main.html.

6. J. K. Rowling, Harry Potter e a Câmara Secreta, (Scholastic, Inc., 1999), p. 4.

7. _______, Câmara Secreta, p. 3.

8. Entrevista de Rowling no The Diane Rehm Show, WAMU, National Public Radio, 20 de outubro de 1999, disponível no site http://www.wamu.org.

9. Rowling, Cálice de Fogo, pp. 62-64.

10. ________, Pedra Filosofal, p. 297; Richard Abanes, Harry Potter and the Bible: The Menace Behind the Magick (Camp Hill, Pennsylvania: Horizon Books, 2001), p. 26; Ver também Maurice Magree, Magicians, Seers, and Mystics (Kessinger Publications, 1997), disponível no site http:// www.alchemylab.com.

11. _______, Pedra Filosofal, p. 66; Abanes, p. 28; Leslie A. Shepard, Encyclopedia of Occultism and Parapsychology (Detroit: Gale Research, 1991), pp. 6, 7.

12. Silver Ravenwolf, Teen Witch: Wicca for a New Generation (St. Paul: Minnesota: Llewellyn Publications, 2003), pp. 5, 6.

13. Rowling, Prisioneiro de Azkaban, p. 2.

14. ________, Ordem da Fênix, p. 487 (itálicos acrescentados).

15. Ver o site http://www.paganfed.demon.co.uk; relatado em This is London, artigo intitulado “Potter Fans Turning to Witchcraft”, 4 de agosto de 2000, disponível no site http://www.thisislondon.co.uk; referência em Abanes, Harry Potter and the Bible, p. 66.

16. Ibidem.


Home

Subscreva